terça-feira, 29 de agosto de 2017

MYRKGAND (Black/Death/Power/Epic Metal - João Pessoa/PB)


Banda: MYRKGAND

Início de atividades: 2012

Discos lançados: “Myrkgand” (2017)

Formação atual: Dmitry Luna (todos os instrumentos, vocais)

Cidade/Estado: João Pessoa/PB

Dmitry Luna (MYRKGAND)

BD: Como a banda começou? O que os incentivou a formarem uma banda?

Começou quando eu criava músicas por conta própria e guardava essas composições com a intenção de formar uma banda, mas como aqui na região é muito difícil (pra não dizer impossível) encontrar músicos que sejam ao mesmo tempo bons e responsáveis, acabei eu mesmo tomando a iniciativa de gravar tudo sozinho. Demorei uns anos até poder gravar, pois estive juntando a grana necessária pra isso. Sempre fui eclético, e sou fã de muitas bandas de várias vertentes do Metal, então pensei que seria uma boa dar uma mesclada nos gêneros que eu mais me identifico (Death, Black, Folk e Power Metal). Sempre fui fã de RPGs, fantasia, mitologia, monstros, demônios, espadas e magia, nisso tenho facilidade em tratar desse tipo de temática, como também um prazer especial pelo assunto. O que mais me incentivou foi minha paixão por música e arte, a vontade de fazer algo totalmente meu, sem interferências, e também sem me moldar de acordo com mercado ou com o gosto alheio. Busco agradar a mim mesmo acima de tudo, se alguém gostar, massa! Falando de incentivo, um músico que sempre me incentivou e até hoje é minha maior influência é o Chuck Schuldiner, fundador do DEATH, que sem dúvidas é minha banda favorita. A banda alemã BLIND GUARDIAN é outra que sempre me influenciou como músico e pessoa, me baseio muito neles e me influencio. Os livros de J.R.R. Tolkien também me incentivaram muito e ajudaram a construir quem sou, a mitologia nórdica também... E por aí vai. Muitas bandas, leituras e jogos me influenciaram durante a vida, e com o MYRKGAND eu busco depositar toda a minha essência, algo que eu faço com toda sinceridade, do fundo da minha alma.


BD: Quais as maiores dificuldades que estão enfrentando no cenário?

A cena brasileira enfrenta vários problemas... Desunião e ignorância reinam, inversão de valores, antiprofissionalismo de todas as partes em todos os âmbitos, rixas sem sentido e rivalidades criadas a troco de nada. Acho que o problema maior do brasileiro com o Metal é a falta de visão: é não apoiar os eventos como se deve fazer, é não comparecer e não fortalecer os shows, é ir beber na frente e não pagar ingresso... coisas desse tipo. As pessoas usam a desculpa que “ah, só vou pro show da banda que eu gosto”, mas não pensam que se são sempre os mesmos produtores trazendo, no dia que eles tiverem prejuízo com uma banda que você não gosta, eles acabam por não trazer no futuro as bandas que você gosta. Ir aos eventos, estar vivendo o Metal e trocando brindes e vivência com as pessoas das variadas cenas (estados diferentes) deveria ser algo mais frequente, algo que estivesse realmente em nossas veias, deveria ser tradição! Isso daqui é cultura, mas por vezes nos deparamos com retardados que sequer sabem o que significa cultura. Muitas vezes vejo pessoas das próprias bandas da cena que sequer comparecem a evento NENHUM, só os que eles tocam. Egoísmo reina, falta de visão e falta de noção e humildade. Mas é claro que há exceções, tem também uma galera que resiste e faz sua parte! Tomara que um dia consigamos reverter este quadro.


BD: Como estão as condições em sua cidade em termos de Metal/Rock? Conseguem tocar com regularidade? A estrutura é boa?

João Pessoa não tem estrutura nenhuma, deplorável. Quando tem show é um milagre, e quando tem vemos pseudo-produtores amadores e meia-boca... Geralmente um povo que defende que “Ahhh o underground é assim mesmo, tudo na doideira”. Mais uma vez falamos aqui de inversão de valores, hehe. Uma galera que acha que ser underground é não ser nada profissional, é ser atrasado, não cumprir horários, é não ter PA, não fazer o que foi acertado em contrato, não ter o mínimo pra uma banda se apresentar... Isso é quase que frequente por aqui. Fora o público que ainda é uma merda, mal comparece. Eu há anos organizo excursões saindo daqui pra cidades próximas como Recife, Natal, Fortaleza, que trazem bem mais shows, e mesmo assim é bem difícil arrumar a galera pra ir, mesmo nos shows internacionais, pois muitos se contentam em ficar no YouTube assistindo shows. E repetindo o que falei na resposta da pergunta anterior: as pessoas não possuem visão suficiente pra chegar à conclusão que: ao fortalecer outros shows da cena você está contribuindo para no futuro acontecer os shows que você mais deseja.


BD: Hoje em dia, muitos gostam de declarar o fim do Metal, já que grandes nomes estão partindo, e outros parando. Mas você, como banda, como encara esse tipo de comentário?

Eu não concordo com isso de “fim do Metal”. É ser radical e conservador demais! Há boas bandas surgindo e mesclando Metal com vários outros gêneros musicais, inovando e surpreendendo muita gente. Muitos dos que falam isso são só ranzinzas que têm preguiça de procurar e conhecer novas bandas. Bandas brasileiras como Cangaço, que mistura baião e cultura nordestina no Death Metal progressivo; o Hate Embrace, que lançou um disco na mesma pegada falando sobre a saga do cangaceiro Lampião pelo nordeste, com um instrumental espetacular; Arandu Arakuaa que mescla com cultura dos índios brasileiros (inclusive explorando línguas indígenas em suas letras)... isso estou só citando bandas brasileiras, mas pelo mundo há muita banda boa surgindo. Bandas inovadoras e promissoras! Inclusive há bandas antigas que estão lançando novos trabalhos espetaculares, caso de KREATOR, TESTAMENT, DARK FUNERAL, ABBATH, que fizeram discos ótimos recentemente, deram verdadeiras aulas. Creio que: essas bandas que estão ficando velhas, morrendo/se acabando, esses anciões deixam legados, ensinamentos, fazem escola e influenciam as novas bandas a criar, não só imortalizando seus trabalhos, mas com a convivência que muitos desses astros do Metal têm com outras bandas mais novas, em shows e turnês mundo afora. Isso deixa marcas fortes e muda realidades. Fora que em todas as gerações da humanidade vemos seres humanos geniais com capacidade de criação de coisas magníficas, no futuro não será diferente.


BD: Em termos de Brasil, o que ainda falta para o cenário dar certo? Qual sua opinião?

Acho que isso já foi respondido nas questões anteriores. Resumindo: falta visão, união, compromisso com a cena e encarar o Metal como um movimento realmente cultural, não só um entretenimento em eventos isolados.


BD: Deixem sua mensagem final para os leitores.

Valorizem as novas bandas, não só do Brasil, mas também de todos os outros países. Contribuam para o crescimento do Metal no Brasil comparecendo aos shows da sua cidade e região, viajando para assistir alguns, comprando material das bandas nos eventos ou na internet, CDs, camisas, e todo o resto. Fortaleçam, pois todos têm muito a ganhar com isso! Eventos melhores, com mais estrutura, e ocorrendo com muito mais frequência também! Se instruam, se aprimorem, busquem mais conhecimento e raciocinar mais sobre o que é realmente necessário para uma melhoria da cena como um todo, como uma unidade! Faça sua parte. Se divirtam mais e discutam menos, curtam mais e se confrontem menos. Rivalizem menos e apoiem mais, não percam tempo e saúde em confusões, ganhem tempo e felicidade com o que vocês mais gostam. Vamos manter essa chama acesa \m/


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