segunda-feira, 9 de outubro de 2017

NECROMANCER - Forbidden Art (Álbum)


2014
Nacional

Nota 9,0/10,0

Tracklist:

1. Necromantia (Intro)
2. Necromancer
3. Deadly Symbiosis
4. Dark Church
5. Havocs and Destruction
6. Middle Ages
7. Plundered Society
8. The Rival
9. Desert Moonlight


Banda:


Marcelo Coutinho - Vocais
Luiz Fernando - Guitarras
Alex Kafer - Guitarras
Gustavo Fernandes - Baixo
Vinícius Cavalcanti - Bateria


Contatos:

Site Oficial:
Instagram:
Bandcamp:
Assessoria: http://sanguefrioproducoes.com/artistas/NECROMANCER/53 (Sangue Frio Produções)


Por Marcos Big Daddy Garcia


O passado do Metal é sempre visto como algo muito romantizado, e às vezes, fora da realidade.

Sim, é incrível ver e perceber certa idolatria pelos anos 80, muitas vezes por pessoas que não estavam lá, que nem ao menos eram nascidas. Ou mesmo eram apenas crianças de colo, que não viram o que era a coisa em si. Mas esquecem-se muitas vezes de dizer aos mais novos no gênero sobre as imensas dificuldades sócio/econômicas da época, o que acabava limitando em muito o número de bandas a lançarem discos por aqui, já que os selos sofriam com as mesmas problemáticas nascidas da economia decadente de nosso país.

Mas ao mesmo tempo, é ótimo quando um grupo daqueles tempos retorna para cumprir uma missão em aberto, algo que deveria ter sido feito, mas que problemas e mais problemas evitaram. E podemos enquadrar o quinteto carioca NECROMANCER nessa turma. Sim, eles são veteranos da cena (ainda lembro-me de um de seus shows, quando abriram para MX e TAURUS no antigo Caverna II, em Botafogo), e que agora, mais de 30 anos depois de sua formação (são de 1985), o grupo lança seu primeiro CD, “Forbidden Art”. E agradecimentos à Heavy Metal Rock por comprar esta briga e colocar o CD nas lojas.

Antes de tudo, o estilo da banda é aquela mistura bem crua e pesada de Death Metal com Thrash, o que ocorria muito naquele triênio 85-86-87 no mundo inteiro, já que muitas bandas do Death Metal andavam transitando para o Thrash sem problemas. O incrível é perceber que a fúria musical das canções antigas (das 8 faixas do CD, 5 delas são de suas Demo Tapes “Dark Church” de 1987, “Science of Fear” de 1983 e “Victims of Deranged Maneuverings” de 1996. As outras três são novas, ou então, nunca gravadas) não foi perdida, e a crueza deles não tem o mínimo toque de mofo. Não, muito pelo contrário, o trabalho do NECROMANCER é tão atual e até mais honesto que muitas bandas que reviram discos antigos e apenas acumulam clichês tentando refazer o que já foi feito. E os caras aqui são daqueles tempos, logo, se percebe o DNA do grupo. Os vocais continuam tão furiosos como no início, mudando bem pouco e ainda claramente influenciados por Tom Warrior; as guitarras da banda lembram bastante a escola DESTRUCTION/SODOM, com riffs azedos e pesados, e solos crus (mas bem tocados), baixo e bateria com peso e técnica nas medidas certas. Assim, percebe-se que o grupo não exagera em aspectos técnicos ou de agressividade, mas sabe equilibrá-los muito bem, criando algo deles.

A qualidade sonora é bem crua, respeitando o passado do grupo, mas sem deixar de lhes dar aquele toque de clareza e peso tão necessários. Os timbres foram bem escolhidos, os instrumentos estão nos lugares certos. Nada foi mudado em relação aos anos 80 e 90, apenas atualizado pela qualidade dos equipamentos de hoje.  A arte de Marcelo Vasco é bela e bem pensada, uma capa enigmática e com o layout do encarte repleto de fotos antigas da banda.

Respeitando o passado do grupo, mas olhando o futuro, é preciso deixar claro que o trio que gravou o CD, todos membros das formações seminais do NECROMANCER, soube escolher bem o material que entrou no disco. As músicas mostram o feeling certo, pois as composições são possuem aleatoriedade, mas são bem construídas em sua simplicidade. Arranjos bem postados, boa dinâmica de andamentos, tudo muito bem feito.

É incrível sentir o sopro de vida que “Necromancer” (forte e poderosa, com velocidade não exagerada e excelentes vocais), “Deadly Symbiosis” (mais focada no peso e andamento na maior parte do tempo não tão veloz, azeda e mostrando o talento das guitarras do grupo, com riffs memoráveis), a emblemática “Dark Church” (outra com velocidade moderada, mas que mostra um trabalho de baixo e bateria muito bom, já que existem mudanças dinâmicas nos arranjos), da mais rápida “Plundered Society” (novamente um show por parte dos vocais), e “Desert Moonlight” (onde a qualidade de gravação fica um pouco mais tosca e crua, sem afetar o produto final. Basta ver a força das guitarras, especialmente nos solos, e nos urros), todas músicas das Demo Tapes, ganharam, bem como “Havocs and Destruction” (que começa com uma intro de guitarras bem lenta, preparando o ouvinte para uma faixa abrasiva e pesada de doer os dentes, com riffs crus insanos), “Middle Ages” (que tem partes cadenciadas e pesadas à lá CELTIC FROST com uma dinâmica mais germânica, ao passo que existem momentos bem empolgantes, e destaque mais uma vez para o ótimo trabalho das guitarras e bateria), e a brutal “The Rival” mostram uma banda com raízes no passado, mas com os olhos no futuro e concentração no presente.

E tudo isso torna “Forbidden Art” um disco obrigatório para todo bom fã de Metal extremo e para os arqueólogos do Metal, para entenderem, de uma vez, que fazer um som que referencia os anos 80 é para quem estava lá. Assim, o produto final nunca soa clichê ou vazio de alma...

Parabéns ao NECROMANCER, sejam bem vindos de volta, e esperamos shows de vocês em breve!

Em tempo: Gustavo Fernandes (baixo) e Edu Lopez (guitarra) não chegaram a gravar contribuições em “Forbidden Art”Edu também deixou a banda para se dedicar ao VORGOK, com Alex indo para as guitarras e Vinícius Cavalcanti assumindo a bateria. E o futuro os espera de braços abertos no próximo trabalho do grupo


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