terça-feira, 28 de novembro de 2017

MORBID ANGEL - Kingdoms Disdained (Álbum)


2017
Importado

Nota: 8,7/10,0

Tracklist:

1. Piles of Little Arms
2. D.E.A.D.
3. Garden of Disdain
4. The Righteous Voice
5. Architect and Iconoclast
6. Paradigms Warped
7. The Pillars Crumbling
8. For No Master
9. Declaring New Law (Secret Hell)
10. From the Hand of Kings
11. The Fall of Idols


Banda:


Steven Tucker - Vocais, baixo
Trey Azagthoth - Guitarras, teclados
Dan Vadim Von - Guitarras
Scott Fuller - Bateria


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Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia



Todo estilo musical de raízes possui seus monstros sagrados. O Metal, por sua enorme sedimentação de subgêneros, possui bandas lendárias e que ajudaram a calcificar os elementos dos mesmos. No caso do Death Metal, um dos nomes mais importantes e fortes é o do quarteto MORBID ANGEL, de Tampa (Flórida). Qual fã do estilo poderia sequer pensar em excluir a trinca “Altars of Madness”, “Blessed are the Sick” e “Covenant” dos discos mais influentes do Death Metal? E não seria pecado algum afirmar que a banda seja tão importante para o gênero como POSSESSED e DEATH. Mas desde “Domination” para cá, mudanças de formação, longos hiatos do estúdio e discos aquém do que a banda pode produzir os colocou sob suspeita. Mas não adianta: “Kingdoms Disdain” vem para mostrar que quem é mestre na coisa, sempre sabe tirar um coelho da cartola.

Para início de conversa, se o disco não se compara aos clássicos acima mencionados, está muito longe de ser uma brochada nauseante como “Illud Divinum Insanus”. Saíram David Vincent e Destructor, e Trey gravou sozinho todas as linhas de guitarra, enquanto o baixo e os vocais ficaram mais uma vez com Steven Tucker (que reassumiu seu posto). Na bateria, Scott Fuller (do SENTINEL BEAST, entre outros) assumiu o lugar de Tim Yeung (que por sua vez, herdara o posto de Pete Sandoval). No fundo, “Kingdoms Disdained” vem em um momento crítico, com a missão de reconstruir o nome do MORBID ANGEL. E ele se sai muito bem na tarefa, digamos de passagem.

O ex-guitarrista do próprio grupo, Erik Rutan, foi o produtor escolhido para a tarefa árdua. E se saiu muito bem, deixando a sonoridade do grupo brutal e opressiva, com ênfase nos timbres mais graves das guitarras. Isso faz com que as músicas soem pesadas e cruas, como o Death Metal precisa ser, mas com aquela dose de clareza necessária para entendermos o que a banda está tocando. Ou seja: a sonoridade é agressiva, mas feita com muita qualidade.

Na arte gráfica, que causou alguma polêmica no Brasil, temos um trabalho bem feito de Ken Coleman (que chegou a trabalhar com o WARFATHER, outra banda de Steve), que deixou a apresentação não tão tenebrosa e caótica como estamos acostumados, justamente pelo foco em tons de vermelho que não são tão escuros. Mas justamente por isso, caiu bem.

Ah, sobre as músicas?

Bem, é evidente que o grupo não queria cair nos erros de “Illud Divinum Insanus”, logo, apostou na fórmula que rendeu discos como “Domination” e “Gateways to Annihilation”, embora “Kingdoms Disdained” soe mais maduro. Além do mais, a capacidade da banda arranjar as músicas de maneira que surpreenda o ouvinte continua presente. Poderíamos até dizer que ele dá sequência ao que a banda fazia antes de Steven sair e David voltar.

Temos 11 faixas de puro esmaga-crânios, se destacando a velocidade intensa e o trabalho técnico de “Piles of Little Arms” (reparem como a base rítmica está bem, e a bateria está fantástica), a pancadaria desenfreada de “D.E.A.D.” (as mudanças de ritmo são ótimas, e que riffs de guitarra), o ritmo mais lento e sujo de “Garden of Disdain” (que tem um jeitão azedo meio “Where the Slime Lives”), a pegada mais trabalhada no meio da violência explícita de “Architect and Iconoclast”, o jeitão ganchudo e cadenciado de “Paradigms Warped”, o murro nos dentes chamado de “For No Master” (música rápida e ganchuda, cheia de bons arranjos de baixo e bateria, e daquelas que causarão moshpits nos shows), o peso esmagador da opressiva “From the Hand of Kings” e de “The Fall of Idols”. Elas são as melhores, mas o disco de ponta a ponta é uma prova da reabilitação do grupo.

Ah, os solos? Bem, Trey continua sendo o Eddie Van Halen do Death Metal. Acho que essa comparação já diz tudo.

Se você é fã da primeira passagem de Steven na banda, ouça “Kingdoms Disdained” sem medo. Se você é fã de Death Metal, vai gostar. Se você é dos que vivem de passado, nem pretendo gastar meu latim, pois é perda de tempo. Mas esse disco mostra que o MORBID ANGEL está de volta e disposto a ser o nome forte que sempre foi.