quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

GAMMA RAY - Alive ’95 (Anniversary Edition)


Full Length (Duplo CD ao vivo - Relançamento)
2017
Nacional

Tracklist:

Disco 1:

1. Land of the Free
2. Man on a Mission
3. Rebellion in Dreamland
4. Space Eater
5. Fairytale
6. Tribute to the Past
7. Heal Me
8. The Saviour
9. Abyss of the Void
10. Ride the Sky (Helloween cover)
11. Future World (Helloween cover)
12. Heavy Metal Mania (Holocaust cover)
13. Lust for Live


Disco 2:

1. No Return
2. Changes
3. Insanity and Genius
4. Last before the Storm
5. Future Madhouse
6. Heading for Tomorrow


Banda:


Kai Hansen - Vocais (disco 1), guitarras
Dirk Schlächter - Guitarras
Jan Rubach - Baixo
Thomas Nack - Bateria, backing vocals
Ralf Scheepers - Vocais (disco 2)


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Assessoria:

E-mail:

Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Em 1995, o GAMMA RAY havia conseguido chegar ao sucesso com “Land of the Free”, e logo veio a “Man on a Tour”, uma excursão que tomou de assalto vários países europeus. Com cinco discos de estúdio nas costas, a banda não pensou duas vezes, e para coroar o bom momento, lançaram “Alive ‘95”, seu primeiro disco ao vivo em 1996. Mas como todos os discos anteriores foram relançados, nada mais justo que este ao vivo ganhasse uma nova edição remasterizada, e agora dupla. E como a Shinigami Records e a earMUSIC andam bombando nessa parceria, aqui temos a versão nacional.

“Alive ‘95” é um excelente ao vivo, transpirando a energia da dos shows do quarteto. A performance de Kai nos vocais ficou ótima, cantando muito bem e tocando perfeitamente, assim como seu comparsa Dirk completa-o perfeitamente, tanto nos riffs trabalhados ou nos duelos e duetos de solos; a base de Jan (baixo) e Thomas (bateria) é maciça como uma muralha, mas sempre bem trabalhada e cheia de peso. E a energia que flui do disco é absurda, com a participação clara da plateia.

O disco foi gravado em Outubro e Novembro de 1995 em Milão (Itália), Paris (França), Madrid e Pamplona (ambas na Espanha), e Erlangen (Baviera, Alemanha). Kai e Dirk produziram e mixaram “Alive ‘95”, enquanto a masterização original é de Ralf Lindner. Mas esta versão tem a remasterização de Eike Freese (o mesmo que remasterizou todos os relançamentos anteriores), e assim, o som de antes ganhou mais brilho e nova vida, além de estar mais claro aos ouvidos.

Assim como foi em todos os discos anteriores, aqui também temos uma arte gráfica completamente nova. Mais uma vez, as ilustrações são de Hervé Monjeaud e o design foi feito por Alexander Mertsch. Óbvio que tudo ficou muito bonito, cheio de fotos da época, e mesmo as letras das canções estão presentes (um recurso que poucos grupos usam em discos ao vivo). Mas não se preocupe se for saudosista: a capa original vem na contracapa do encarte do CD.

Ao vivo, a formação em quarteto funciona muito bem, sem deixar espaço para críticas. Eles são muito coesos e a energia que flui do disco é algo assombroso. Tudo funciona perfeitamente, e mesmo algumas limitações causadas por conta de ser ao vivo (como alguns tons mais baixos de voz em certas canções), o resultado final é absurdo.

E como é a excursão de “Land of the Free”, fica óbvio que é desse disco que vem a maior parte das músicas. As versões ao vivo para “Land of the Free”, “Man on a Mission”, “Rebellion in Dreamland”, “Fairytale”, “The Saviour” e “Abyss of the Void” são incríveis, mais rápidas e cheias de energia, coisa de quem leva a sério os ensaios. Mas como a banda não poderia desapontar seus fãs antigos, a presença de algumas canções de seus discos mais antigos é certa, como a clássica “Space Eater”, a fogosa e veloz “Tribute to the Past” e “Heal Me” (metade lenta, metade pesadona), em que se percebe que os vocais de Kai renderam muito bem, pois seu timbre mais rasgado e agressivo encaixou perfeitamente. Mas para completar a festa, eles ainda tocaram “Heavy Metal Mania” do HOLOCAUST, que ficou excelente ao vivo. Agora, as paredes tremem muito com a passagem das clássicas “Ride the Sky” e “Future World” do HELLOWEEN (e digamos de passagem: os olhos encheram de lágrimas de felicidade, e diria que Dirk tocando encaixa melhor com Kai que Michael Weikath, e, além disso, Kai se deu muito bem cantando a segunda, eternizada por Michael Kiske). E para acabar com o fôlego de vez, esta versão tem como faixa bônus no disco 1 uma versão ao vivo para “Lust for Live”, antes restrita à versão japonesa.

Mas esta versão é dupla, logo, o disco 2 tem mais!

Aqui, seis canções gravadas em 1993, provavelmente da turnê de divulgação de “Insanity and Genius”, ainda com Ralf Scheepers cantando. E como é bom poder ouvir canções como a bela e cheia de energia “No Return”, “Changes” e seu jeitão mais cadenciado à lá ACCEPT, a clássica “Insanity and Genius”, a pancadaria Power Metal de “Last Before the Storm” e de “Future Madhouse”, e a variada, longa e cativante “Dream Healer”. Essas canções, em suas versões ao vivo, ficaram excelentes!

Uma curiosidade sobre “Alive ‘95”: o disco é o último trabalho do GAMMA RAY a ter a presença de Jan e Thomas, pois ambos saíram após a turnê. Dan Zimmermann entrou no grupo como novo baterista, ficando no grupo até 2012, e Henjo Richter assumiu as guitarras (bem como os teclados), com Dirk retornando a seu instrumento original, o baixo (como ele aparece no vídeo “Heading for the East”, de 1990).

Um disco ao vivo memorável, e que vale a aquisição, seja você fã do GAMMA RAY ou apenas um fã de Metal de bom gosto.

Nota: 10,0/10,0


H.E.A.T. - Into the Great Unknown


Full Length
2017

Tracklist:

1.      Bastard of Society
2.      Redefined
3.      Shit City
4.      Time on Our Side
5.      Best of the Broken
6.      Eye of the Storm
7.      Blind Leads the Blind
8.      We Rule
9.      Do You Want It?
10.  Into The Great Unknown


Banda:


Erik Grönwall - Vocais
Sky Davids - Guitarras
Jona Tee - Teclados
Jimmy Jay - Baixo
Crash - Bateria, percussão


Contatos:

Bandcamp:
Assessoria:

E-mail:

Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Desde que o Hard/Glam Metal (e por consequência, todas as vertentes do mesmo) foi varrido do mainstream norte-americano no início dos anos 90, foi uma sofrida jornada de volta. Apesar de não estar no topo como antes, o gênero refloresceu na Europa e tomou o velho continente. Não é à toa que a Suécia se tornou um criadouro de bandas do gênero. E um dos nomes mais conhecidos daquelas bandas é o do quinteto H.E.A.T., velho conhecido do público brasileiro, e que nos chega com “Into the Great Unknown”, seu mais recente disco. Uma dádiva da Shinigami Records, digamos de passagem.

Apesar da essência musical do grupo estar intacta (aquele Hard/Glam melodioso e com ótimas passagens de AOR/Melodic Rock), em “Into the Great Unknow” surgem elementos extremamente acessíveis, em um trabalho muito bem feito, com boas harmonias, melodias simples e refrãos bem grudentos. Mas ao mesmo tempo, o grupo parece ter ganhando uma dose maior de acessibilidade musical, uma vez que existem momentos que beiram o Pop Rock dos anos 80 e mesmo algumas influências de Synth Pop, embora a sonoridade esteja mais compacta, focada nas guitarras e nos refrãos, tanto que os teclados estão menos evidentes (mas não ausentes, e brilham em momentos em que o grupo fica comercial). Ou seja, o quinteto mudou a abordagem do próprio estilo, mas sem perder suas características.

Tobias Lindell é o produtor de “Into the Great Unknown”, bem como aquele que mixou o disco. A masterização é de Henrik Jonsson. Como o quinteto buscou algo mais simples em termos musicais, a sonoridade do disco é bem seca e sem firulas, com timbres sonoros mais bem definidos e claros. Desta forma, podemos dizer que o H.E.A.T. priorizou ainda mais seu lado acessível, mas sem perder a mão do que eles são.

A arte visual é de Vitality S. Alexius. E apesar da beleza da capa, percebe-se que tudo no aspecto gráfico está bem econômico, direto, em um reflexo do que o grupo apresenta sonoramente. E ficou muito bom.

Se o H.E.A.T. sempre foi um grupo conhecido por seguir um estilo de Hard/AOR próximo a BON JOVI e JOURNEY, agora ganhou alguns contornos mais agressivos na linha do AC/DC em alguns momentos, mas como já dito, o nível de acessibilidade musical também cresceu bastante. Óbvio que a sonoridade do grupo ficou menos elaborada, mas mesmo assim, eles ainda oferecem um trabalho de primeira categoria.

O disco inteiro mantém alto nível de qualidade. Mas das dez canções, destacam-se a grudenta “Bastard of Society” com seus backing vocals e refrão cheios de energia (além dos vocais estarem muito bem), a bem acabada “Redefined” e suas linhas melódicas bem simples (que chegam a beirar o Pop Rock em alguns momentos), a despojada e pesada “Shit City” com suas guitarras ferozes e arranjos de teclados, o Synth/Pop Rock que surge em “Time on Our Side” (onde os teclados se destacam bastante), o hardão seco e agressivo apresentado em “Blind Leads the Blind” (com um ótimo trabalho de baixo e bateria, e mais um ótimo refrão), a grudenta e acessível “Do You Want It?”, e a semi-balada “Into The Great Unknown” e seu peso cavalar.

Pode ser que alguns fãs mais incautos fiquem de ouvidos em pé na primeira audição, mas “Into the Great Unknown” é um ótimo disco, sem sombra de dúvidas!

Nota: 8,7/10,0


KRUCIPHA - Inhuman Nature


Full Length
Ano: 2017
Nacional


Tracklist:

1.      Hateful
2.      Victimia
3.      F.O.M.O.
4.      Acceptance
5.      Non Efficiens, Non Decorus
6.      Alter the Image
7.      Bureaucrap
8.      Mass Oppression
9.      Mass Catharsis
10.  Unwilling (Bonus Track)
11.  Reason Lost MMXVI (Bonus Track)


Banda:


Fabiano Guolo - Vocais
Luís “RazorB” Ferraz - Guitarras, baixo, vocais
Khaoe Rocha - Baixo, vocais
Felipe Nester - Bateria, percussão

Convidados:

André Nisgoski - Vocais adicionais em “Bureaucrap”


Contatos:

Twitter:
Bandcamp:


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Para muitos, a evolução musical dentro dos cenários do Rock deveriam ser parada à força. Essas forças conservadoras ignoram que a evolução é uma força benéfica, que permite que o estilo continue forte e vigoroso, além de se renovar para as gerações futuras. Há mais de 25 anos que a latinidade brasileira começou a entrar no Metal, o que agregou valor ao gênero e criou uma identidade para o Metal brasileiro. E hoje, bandas como o KRUCIPHA podem mostrar um trabalho de primeira como “Inhuman Nature”, que acaba de ser lançado pela Shinigami Records.

Desde o primeiro disco, o famigerado “Hindsight Square One”, o quinteto de Curitiba (PR) já dava sinais de que havia nascido para ser diferente, para fugir do marasmo. O estilo deles, um Thrash/Groove Metal abrasivo e comprometido com a agressividade, deu uma evoluída bem grande, se tornando ainda mais bruto e duro, mas ao mesmo tempo, há uma enorme diversidade musical preenchendo cada uma das canções. E digamos de passagem: eles mostraram coragem ao usar percussões em um momento que o puritanismo no Metal impera. E verdade seja dita: ela incorporou visceralidade, força e latinidade ao som brutal do KRUCIPHA.

Trocando em miúdos: “Inhuman Nature” é um discão!

O próprio quinteto colocou a mão na massa e se encarregou de produzir “Inhuman Nature” junto com o conhecido produtor Karim Serri. E conseguiram equilibrar muito bem o balanço peso-agressividade-clareza, pois o som abrasivo e denso que emana do disco tem qualidade sonora limpa, permitindo que se compreenda o que eles estão tocando.

No tocante à arte gráfica, Carlos Fides (que já fez trabalhos para EVERGREY e ALMAH) fez a capa, que tem esculturas do artista plástico Jeferson Cesar (avô de Felipe Nester, batera do grupo). Tudo para dar uma aclimatação visual soturna ao disco, e isso em uma apresentação no formato digipack.

O nível de amadurecimento do KRUCIPHA é muito evidente. O salto qualitativo em termos musicais entre “Hindsight Square One” e “Inhuman Nature” é evidente. O grupo soa mais coeso, com arranjos musicais mais esmerados, e tudo isso só fez com que a banda crescesse em expressividade. Cada música em si é uma jóia preciosa.

Nos 10 temas do álbum, se destacam a furiosa e bruta “Hateful” (rápida e cativante, se percebe um trabalho ótimo de baixo e bateria), a carga azeda das guitarras em “Victimia” (uma canção com tempos quebrados e com uma aclimatação opressiva, com boas partes de percussão e vocais de primeira), a moderna e técnica “F.O.M.O.” e suas excelentes conduções rítmicas (baixo, bateria e percussões criam um ritmo cadenciado e duro, mas com boa técnica), o ritmo Thrasher veloz de “Acceptance” (uma canção bem expressiva em termos de vocais, riffs e solos, e é o lyric video de divulgação do álbum), as ótimas percussões em ritmos latinos em “Alter the Image”, a bicuda seca da HC/Crossover “Bureaucrap”, e a dobradinha grooveada de “Mass Oppression” (com rimos mais quebrados e andamento lento, privilegiando a base rítmica e as percussões), e “Mass Catharsis” (mais rápida, mas mantendo os ritmos quebrados, onde as guitarras dominam com riffs crus e cheios de energia). E como se já não fosse muito para o coração de qualquer Metalhead de fé, ainda temos como bônus a inédita “Unwilling” (outra faixa caótica e preenchida por um clima opressivo e técnico), além do remake para “Reason Lost MMXVI”, faixa de ““Hindsight Square One” , que está fantástica, com uma sonoridade mais seca e dura, o que privilegia a agressividade do grupo.

Verdade seja dita: se “Inhuman Nature” chegou tarde para a festa de final de ano de 2017, vai entrar em muitos Top10 de 2018, pois o disco é excelente.

Ah, sim: após a gravação do disco, a banda se estabilizou com a seguinte formação:

Fabiano Guolo - Vocais, guitarras
Luís “RazorB” Ferraz - Guitarras, vocais
Khaoe Rocha - Baixo, vocais
Nicholas Pedroso - Percussão
Felipe Nester - Bateria

Avante, KRUCIPHA!

Nota: 9,7/10,0