quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

ROTTING CHRIST - A Dead Poem (Relançamento)


Ano: 1997 (relançamento 2018)
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Sorrowfull Farewell
2. Among Two Storms
3. A Dead Poem
4. Out of Spirits
5. As if by Magic
6. Full Colour is the Night
7. Semigod
8. Ten Miles High
9. Between Times
10. Ira Incensus
11. Sorrowfull Farewell (live)
12. Among Two Storms (live)


Banda:


Sakis Tolis - Guitarras, vocais
Costas Vassilakopoulos - Guitarras
Andreas Lagios - Baixo
Georgios Tolias - Teclados
Themis Tolis - Bateria


Ficha Técnica:

Xy - Produção, pré-produção, engenharia, teclados
Sakis Tolis - Pré-produção
Siggi Bemm - Mixagem, masterização
Carsten Drescher - Layout, Design
Fernando Ribeiro - Vocais adicionais em “Among Two Storms”


Contatos:

Assessoria:


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Nos anos 90, muitas bandas que eram emergentes e estavam alcançando um público cada vez maior mostravam uma nítida evolução entre os discos recentes e suas obras do passado. Óbvio que muitos fãs de longa data vieram a se decepcionar, enquanto as bandas ganhavam mais e mais fãs novos e mantinham muitos dos mais antigos. A evolução causa isso. E um dos nomes que mais mostrou a que vinha naqueles tempos foi o grupo grego ROTTING CHRIST. Após o ótimo “Triachy of the Lost Lovers” em 1996, poucos poderiam sequer imaginar o que os aguardava em “A Dead Poem”. E pela primeira vez, esse clássico enfim ganha uma versão brasileira, graças aos esforços da Cold Art Industry Records. Uma versão que vem, inclusive, comemorar os 20 anos dessa obra de arte do Metal extremo.

Na época, “A Dead Poem” teve uma acolhida calorosa por parte da mídia, mas fãs da época de “Non Serviam” e “Thy Mighty Contract” se decepcionaram um pouco. Na realidade, o lado mais soturno da música deles ficou mais polido e bem trabalhado, embora ainda agressivo. Ou seja: a música da banda ficou mais encorpada, elegante e bem feita, mostrando sutilezas e arranjos polidos, com uma genialidade que talvez eles mesmos jamais pudessem fazer novamente. Poderíamos dizer que o quarteto absorveu algumas influências do Death Metal melódico da Suécia daquela época, mais um pouco do Dark/Doom Metal em voga de então, mas sem desfigurar a essência sonora do grupo.

É a primeira vez que o ROTTING CHRIST teve uma produção de ponta. Sonoramente, a beleza instrumental de “A Dead Poem” é sem paralelo na história do quarteto, bem como o equilíbrio entre a crueza agressiva do Metal extremo e a limpeza do lado melódico deles está irretocável. E se percebe nas camadas de guitarras a riqueza de arranjos, bem como se pode ouvir cada um dos instrumentos musicais sem esforço algum. Tudo está claro e com bons timbres, mas mantendo a agressividade que faz parte da música do grupo. E na arte, pela primeira vez a banda se distancia de algo que fizesse referência ao Black Metal, inclusive é o primeiro de uma série de discos em que o logotipo clássico da banda é deixado de lado (e que só voltaria a ser usado em “Genesis”, de 2002). E que nessa versão ganhou cores mais atualizadas, mas sem descaracterizar o material original, além de um slipcase muito bonito. Esse disco merece.


Sendo o disco em que o ROTTING CHRIST começou a experimentar elementos diferentes em sua música, se ouve em “A Dead Poem” a inclusão de partes regionais e instrumentos acústicos que permeiam sua música até os dias de hoje. É também o disco que marca o fim dos estereótipos musicais do Black Metal, dos limites que muitos impunham (e até hoje teimam em impor) como essenciais. Mas quem nasceu para ser grande entende que quebrar regras faz parte da carreira, e eles não só quebraram, mas tornaram o estilo amplo e capaz de ser absorvido por muitos. Ele soa mais acessível que os discos anteriores, óbvio, mas por isso mesmo ele marca uma momento de evolução que irá guiar o grupo até os dias de hoje.

Não é difícil de compreender a surpresa e o impacto que “A Dead Poem” causou 20 anos atrás. Cada uma de suas 10 canções é uma ode ao bom gosto.

O disco abre com a clássica e trabalhada “Sorrowfull Farewell”, repleta de melodias agressivas e belas passagens de teclados, com vocais de primeira (e o timbre de Sakis mudou muito pouco desde então), a surpreendente e melodiosa “Among Two Storms” e seus belos arranjos de teclados muito bons (sem falar na presença de Fernando Ribeiro do MOONSPELL nos vocais), a mescla de passagens mais soturnas e lentas com outras mais pesadas de “A Dead Poem”, que tem um ritmo predominantemente cadenciado, e ela é rica em arranjos bem experimentais para a época (reparem como a voz sussurrada aparece bastante, fora o trabalho ótimo de Andreas e Themis ser excelente), a densa e mais simples “Out of Spirits” (mas reparem como são diversificados os arranjos de guitarras de Sakis e Costas), a densa e de melodias sinuosas “As if by Magic”, as melodias quase Classic Rock com uma pegada mais agressiva de “Full Colour is the Night”, a pegada experimental quase que Gothic Doom de “Semigod” (reparem mais uma vez como os vocais ficaram diversificados), a instrumental “Tem Miles High” é atmosférica e rica em diversidade musical e em arranjos de teclados, enquanto “Between Times” mostra algumas melodias que lembram os trabalhos mais antigos da banda (com ótimas guitarras e uma ambientação mais introspectiva), e a opressiva e melódica “Ira Incensus” que mostra arranjos acústicos interessantes junto com teclados excelentes, e novamente vocais com timbres diferentes do usual surgem, mais belas melodias das guitarras.

Mas não acabou, pois além das dez canções do lançamento original, a versão comemorativa de 20 anos ainda tem duas canções bônus: as versões ao vivo de “Sorrowfull Farewell” e “Among Two Storms”, gravadas em turnês mais recentes, que estão com uma boa qualidade sonora e um direcionamento mais agressivo, já que os teclados estão ausentes.

O aniversário é de “A Dead Poem”, o ROTTING CHRIST quis comemorar e a Cold Art Industry Records nos presenteia com essa versão, que é exclusiva do Brasil. E corram logo atrás de suas cópias, pois esta edição é limitada a 500 cópias!

Nota: 100%


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