sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

GLADIATOR - Dreadful Dreams


Tipo: Full Length
Ano: 1992 (relançamento: 2017)
Nacional

Tracklist:

1. Selective Eye                    
2. Joinning the Pieces            
3. Brainwash             
4. Noise                     
5. The Prisioner                     
6. Holy Words                      
7. Sunshine of Your Love                
8. Addicted to Kill               

Demo Tape “Holy Words” (1991):

9. No Violence                        
10. The Prayer                         
11. Boundless Insanity                       

Demo Tape “Oppression and Pain” (1989):

12. Son of Evil Lives                          
13. Shadows of Death                        
14. X-Rated                
15. Opression and Pain                       
16. Nightmares                        
17. Immortal Curse


Banda:


Robson - Vocais
Ivan - Guitarras
Antônio - Guitarras
Luciano - Baixo
Gilson - Bateria


Ficha Técnica:

Gladiator - Produção
Sérgio dos Santos Júnior - Arte


Contatos:

Site Oficial:
Twitter:
Youtube:
Instagram:
Bandcamp:
Assessoria: http://braunamusicpress.com/ (Brauna Music Press)

E-mail:

Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


O Metal brasileiro tem uma história bem longa, e nem sempre temos finais felizes.

Além do grande número de bandas que surgem todos os dias, o desprezo de muitos bangers pelo produto nacional, as dificuldades sócio-econômicas acabam se tornando cruéis fatores de corte. E assim, muitas bandas de potencial nunca chegam a ter grande expressão, e quando estas lançam um disco, este acaba desaparecendo nas areias do tempo. Hoje, com a ajuda de selos interessados em resgatar um pouco dessa história, alguns discos tem recebido uma nova chance, como “Dreadful Dreams”, único disco do quinteto GLADIATOR, de Porto Alegre (RS), relançado pela Rising Records.

O grupo é um dos precursores do Thrash Metal no RS, e se percebe no trabalho deles uma boa estética técnica, muito peso e melodia permeando a agressividade à lá EXODUS do quinteto. Já se percebe nas músicas de “Dreadful Dreams” uma banda um pouco adiante de seu tempo, já que mostram momentos mais técnicos e toques de Metal tradicional, além de uma estética que remete ao Rock 70. Algo bem incomum naqueles tempos.

Óbvio que a produção sonora não é lá essas coisas para os padrões atuais. Mas não estamos analisando um disco lançado em 2018, mas em 1992, época em que ser independente no Brasil era um ato de coragem, pois os investimentos eram parcos. Mas também não chega a ser algo que não se compreenda. Está até boa para os padrões da época, e que foi melhorada pela remasterização. E mesmo a arte ficou bem legal, uma imagem que mexe com os sentidos do ouvinte, fora o encarte com letras, o depoimento de Luiz Carlos Louzada (do VULCANO), fotos da época e de hoje, além de recortes de notícias de jornal.

Talvez o grande valor de “Dreadful Dreams” seja, além do musical, o de seu legado. Dessa época, no RS (assim como no RJ e SP), não era incomum vermos bandas de vários estilos de Metal tocando juntas. Isso é algo que muitos hoje em dia não suportam nem pensar, quanto mais aceitar que seja feito. Além disso, como dito acima, o GLADIATOR mostrava incursões corajosas no Metal tradicional e no Hard Rock 70.

No mais, canções como “Selective Eye” (belo trampo de baixo e bateria), “Brainwash” (essa com um jeitão furioso e trabalhado à lá EXODUS), “The Prisioner” e seu jeitão bruto com tempos não muito velozes, a raivosa e excomungante “Holy Words”, além da versão pesada e sinuosa para o velho hino “Sunshine of Your Love”, do CREAM, que ficou ótima. Mas a coisa não para por aí: ainda temos as Demos “Oppression and Pain” de 1989 e “Holy Words” de 1991, resgatadas e disponibilizadas para todos (o que era difícil nos 80, pois raro uma banda comerciar a própria Demo Tape).

Em uma época em que tantos relançamentos sem sal ocorrem no exterior, é ótimo ver a Rising Records sendo seletiva e trazendo as coisas boas do passado...

Ouça “Dreadful Dreams” em alto volume, e entenda o porquê o GLADIATOR merece aplausos.


Nota: 86%

WORSIS - Blinded by the System


Tipo: Full Length
Ano: 2017
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Sisyphus
2. País Sem Leis
3. Echoes of Pain
4. False God
5. Slaves of Corruption
6. What Remains of the Future?
7. Still Resisting
8. Under Mud
9. Facing the Worms
10. Manipulados Pelo Sistema
11. Born to Bleed


Banda:


Álvaro Jr. - Vocais, guitarras
Lucas Barros - Guitarras
Eduardo Mazui - Baixo
Ale Mussatto - Bateria

Convidados:

Thiago Caurio - Percussão em Facing the Worms


Ficha Técnica:

Thiago Caurio - Produção
Benhur Lima - Mixagem
Marcel Van Der Zwam - Masterização
Hugo Silva - Arte
Álvaro Jr. - Design


Contatos:

Site Oficial:
Twitter:
Bandcamp:
Assessoria: http://www.metalmedia.com.br/worsis/ (Metal Media)


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


A escola brasileira de Thrash Metal anda rendendo frutos muito bons nos últimos anos. Desde que o estilo começou a ser feito por aqui, ainda na primeira metade dos anos 80, muita coisa foi mudando, evoluindo e se ajustado ao tempo. Quando se fala em modernidade, muitos torcem o nariz, pensando nas fusões de Thrash Metal com Groove, mas não é isso. É uma forma mais atualizada e agressiva de se fazer Thrash Metal, e que é diferente do que se fazia nos anos 80. E um ótimo exemplo é o quarteto WORSIS, de Ipê (RS), que veio para detonar pescoços com seu primeiro disco, “Blinded by the System”.

Furioso e bruto, mas com boa técnica e harmonias bem feitas, o quarteto muitas vezes referindo um ritmo mais cadenciado e azedo de tão agressivo, mas em outra com ritmo mais rápido e ganchudo. Percebe-se que a juventude do grupo (que foi formado em 2014) não significa ingenuidade, pois “Blinded by the System” é um disco de gente grande, feito com raça e muita vontade, a ponto da energia que flui dele ser absurda.

Em termos de sonoridade, se percebe que o foco foi em criar algo que fosse agressivo e que fizesse com que as composições do grupo fossem entendidas sem esforços. A meta foi alcançada, mostrando ótimos timbres em cada instrumento, e tudo em seu volume certo. Além disso, o lado visual ficou muito interessante, com uma arte que deixa claro o teor lírico do grupo.

Destilando raiva e Thrash Metal em 11 canções, se percebe que o grupo tem potencial para ir longe. Isso fica claro em canções como a rápida “Sisyphus” e suas guitarras faiscando riffs nervosos e solos bem feitos, “Echoes of Pain” com seus tempos em velocidade mediana e vocais rasgados de primeira, na pegada mais cadenciada e opressiva de “False God” (que riffs raçudos e que grudam nos ouvidos), na energia crua da veloz “Slaves of Corruption” (onde baixo e bateria aplicam um massacre de boa técnica e peso), nas ótimas melodias que permeiam o ritmo denso de “What Remains of the Future?”, na pegada esmaga-crânios de “Under Mud” com suas melodias sombrias, e na opressão brutal feita pela esmagadora “Born to Bleed”.

O WORSIS é uma grata surpresa, e uma revelação e tanto do Metal brasileiro.

Nota: 84 %