terça-feira, 16 de janeiro de 2018

OBSKURE - Sacrifice of the Wicked


Ano: 2018
Tipo: Extended Play (EP)
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Sacrifice of the Wicked
2. Rise of a Despot
3. Devils


Banda:


Germano Monteiro - Vocais
Amaudson Ximenes - Guitarra
Daniel Boyadjian - Guitarra solo
Fábio Barros - Teclados
Jolson Ximenes - Baixo
Mardonio Malheiros - Bateria


Ficha Técnica:

Sem informação


Contatos:

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Bandcamp:
Assessoria:

E-mail:

Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Muitas vezes, quando penso em meu passado como um Metalhead, tenho a certeza absoluta que nunca teria a mínima idéia de como o Metal iria se tornar um gênero tão amplo musicalmente e abrangente em termos territoriais no Brasil. Hoje, o nosso país tem bandas de alto gabarito por todos os seus estados, de Norte a Sul, de Leste a Oeste. E também seria difícil de prever a longevidade de alguns veteranos. E um desses veteranos é o OBSKURE, um sexteto de Death Metal vindo de Fortaleza (Ceará) que detona ouvidos desde 1989. E é prazeroso saber que a banda está firme e forte, como seu recém-lançado EP, “Sacrifice of the Wicked”, está aqui para mostrar.

Firmes e fortes, o grupo não abre mão de sua música, de seu Death Metal Old School técnico e agressivo, mas cheio de passagens atmosféricas criadas pelos teclados. Óbvio que o tempo fez sua parte e foi tornando o trabalho musical deles cada vez mais conciso e lapidado, mostrando como sua música poderia render mais e mais. Logo, se percebe que no EP, a identidade musical do grupo está intocada, mas que eles voltaram tão brutais e técnicos como sempre. Óbvio que a cada lançamento eles vão evoluindo, mas nunca abrem mão daquilo que são ou de seu discurso azedo. É um tiro nos tímpanos dos mais chatos e conservadores, mas um deleite para os fãs.

Pode-se dizer que a produção de “Sacrifice of the Wicked” é a melhor que tiveram até os dias de hoje, pois é a que consegue aliar a crueza dura da musicalidade da banda com uma qualidade de audição ótima. A percepção é que os timbres continuam crus como sempre, dando agressividade extra às músicas, mas em termos de mixagem e masterização, a música soa clara, compacta e com muito peso. Na arte, tem-se o teor azedo das críticas da banda ao momento político e econômico do Brasil.

O amadurecimento da banda é evidente no EP. Em termos de composição, o OBSKURE está cada vez mais exigente, sem perder sua espontaneidade. Percebe-se que os arranjos criados para cada canção se encaixam perfeitamente, sem deixar espaços vazios. Tudo funciona em harmonia, para que a banda soa cada vez mais compactada e sólida para os ouvintes.

Belos arranjos sinistros de teclados adornam a brutalidade de “Sacrifice of the Wicked”, cheia de mudanças de ritmo que mostram o quanto baixo e bateria estão bem nesse EP. Pianos sinistros dão o início ao massacre abusivamente bruto de “Rise of a Despot”, onde os riffs das guitarras criam uma muralha compacta e sinuosa, fora os vocais variando bem os timbres guturais (que contrastam com alguns urros guturais), e na letra se percebe a dureza contra todos os políticos corruptos e ditadores. E fechando, temos “Devils”, versão do velho clássico do MOTORHEAD que está presente no CD “Going to Brazil … The Brazilian Tribute to MOTORHEAD”, lançado ano passado pela Secret Service Records, e que mostra que a banda sabe colocar sua personalidade em uma canção que não é de seu estilo (a resenha do tributo pode ser lida aqui: https://metalsamsara.blogspot.com/2017/06/going-to-brazil-brazilian-tribute-to_30.html).

Esperemos que “Sacrifice of the Wicked” seja o prenúncio de um novo álbum vindo por aí, pois já faz cinco anos desde o lançamento de “Dense Shades of Mankind”. No mais, divirtam-se, pois este EP é uma cacetada nos tímpanos!

Nota: 90%

NINNE - No Christmas Eve


Ano: 2017
Tipo: Single
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. No Christmas Eve


Banda:


Marcelo Alves - Vocais
Pedro Tavares - Guitarras
Rafael Marigo - Baixo
Herbert Loureiro - Bateria


Ficha Técnica:

Rafael Marigo - Mixagem, masterização
Rômulo Dias - Cover Artwork - Romulo Dias


Contatos:

Site Oficial: http://www.ninne.com/
Twitter:
Bandcamp:
Assessoria:


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Cada vez mais as bandas têm apelado para os Singles como ferramenta de divulgação. É claro que as facilidades das mídias sociais tornou o mercado extremamente competitivo e disperso, sendo difícil alguém sobressair na avalanche de bandas e lançamentos de todos os dias. É preciso estratégia e talento para poder não ser engolido nesse dilúvio musical. O NINNE, quarteto de São Paulo, chega agora com o Single “No Christmas Eve”, mostrando que possuem estratégia mercadológica e música para irem longe.

Fazendo um Heavy Metal moderno e pesado, com muitas melodias de fácil assimilação, a banda mostra um trabalho que, mesmo não sendo inovador em termos criativos (traduzido: não inventaram uma nova vertente no Metal), percebe-se que eles têm uma identidade sonora forte, criando uma música que vem para seduzir os fãs por suas belas linhas melódicas, mas ao mesmo tempo, tem peso e agressividade sensíveis, fora muita energia.

Em termos de sonoridade, é evidente que “No Christmas Eve” foi caprichado. A sonoridade pesada e densa da banda foi adornada com uma boa dose de peso, mas com uma clareza bem grande a ponto de se compreender o que é tocado, bem como a participação de teclados e alguns cantos Gregorianos muito bem sacados. A arte, muito bem pensada, é um manifesto contra a noite de véspera de Natal.

E é justamente a arte que evidencia a inteligência do NINNE.

O Single foi lançado na época do Natal de 2017, sendo um manifesto contra a hipocrisia: todos querem presentes e guloseimas nesse dia, mas esquecem de que o Natal também significa fraternidade, e que muitos não têm presentes ou o que comer nesta noite. Ou em todas as outras do ano...

Se o lado mercadológico/ideológico da banda é forte, se percebe que a banda realmente teve uma inspiração e tanto, pois o peso e melodia de “No Christmas Eve” nos embala, fazendo com que percebamos como baixo e bateria são técnicos e seguram uma base rítmica variada, as guitarras usam um peso absurdo criando riffs modernos e melodiosos, e que os vocais são muito caprichados e de calibre pesado.

E 2018 promete ser um ano movimentado, pois vem um EP novo do NINNE por aí.

Até lá, cabe a pergunta: o que você tem feito para que todos possam ter uma noite de Natal melhor?


Nota: 88%

KRAKKENSPIT - Fear My Name


Ano: 2017
Tipo: Demo CD
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Fear My Name
2. Winds of Armaggedon
3. Love Foreve Gone


Banda:


Marcio Cruvinel - Vocais
Aldo Sabino - Guitarras
Julian Stella - Baixo
Italo Brunno - Bateria


Ficha Técnica:


Contatos:

Site Oficial:
Twitter:
Instagram:
Bandcamp:


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Aqueles que possuem ouvidos bem experientes dentro do Metal conseguem reconhecer uma banda formada ou por músicos novatos ou aqueles com muitos calos dos anos. No caso dos que já estão com rodagem na estrada do Heavy Metal, alguns desses músicos são capazes de pegar uma fórmula já desgastada pelo uso e trazer para o presente de uma forma que não só convence, mas ganha fãs. O KRAKKENSPIT de Goiânia (Goiás) que o diga, já que o Demo CD “Fear My Name” merece aplausos de todos.

O quarteto tem raízes bem profundas e antigas, remetendo a grupos como o ESCOLA ALEMÃ e ao TERMINATOR, que possuíam traços mais agressivos. Já o KRAKKENSPIT é uma banda de Heavy Metal tradicional, que é permeada por passagens modernas e “Thrashy” nos moldes de um ICED EARTH ou JUDAS PRIEST. Como dito, esse jeito de se fazer música não é recente, mas nas mãos do quarto, funciona muito bem, é cheio de energia e com ótimo trabalho instrumental, rico em boas harmonias e melodias que grudam nos ouvidos.

Sim, “Fear My Name” é um ótimo trabalho.

A sonoridade criada para esse Demo CD ficou bem além das expectativas. Está bem melhor que muitos EPs oficiais que se ouve por aí, com bom equilíbrio entre as partes mais pesadas e agressivas e as linhas melódicas. E, além disso, percebe-se que o quarteto teve uma preocupação extra em se fazer entender musicalmente, logo, a clareza das músicas é bem evidente.

Agora, em termos de arte gráfica, a banda caprichou: o CD vem em uma pasta (isso mesmo, em uma pasta) semelhante àquelas em que certos documentos são entregues, com as folhas com cada letra de música separada, histórico de cada músico, e todas em tamanho A4 ou semelhante. E a qualidade do papel é impressionante.

Só que esta arte mostra uma banda ousada, que demanda que corresponda à altura na música. E eles fazem, acreditem, pois o grupo realmente tem muito potencial, soa coeso e pesado, sem deixar de ser melodioso e sedutor. Aliás, o grupo tem uma noção melodiosa incrível, mas sem negar suas raízes extremas. Por isso soa tão bom aos ouvidos.

Muitas mudanças de ritmo e doses homeopáticas de agressividade permeiam “Fear My Name” e seu andamento mais cadenciado, onde os vocais agressivos são excelentes, assim como as guitarras. Em “Winds of Armaggedon”, peso “sabbáthico” se mistura à riffs modernos, mas com forte destaque para baixo e bateria. E “Love Foreve Gone”, apesar de o nome sugerir que ela é uma balada, é uma coice de mula pesado e denso, com um andamento pesado e empolgante, um refrão muito bom e uma dinâmica entre vocais e instrumental perfeita.

No mais, o nome do KRAKKENSPIT merece ser acompanhado com toda atenção.

Nota: 87%